8.1.06

Olhos... em ti!





 Olhei no teu olhar. Reparei que me olhavas de esguelha e não sabia a razão dessa tua postura ocular. Sei que não te mereço. Sei que em tempos idos te atraiçoei quando pensavas que eu ia ter contigo e deixei-te a falar sozinho enquanto voava em direcção ao Big Ben, tal e qual, mas compreende, foram devaneios de juventude. Hoje não sei mais o que fazer para merecer o teu perdão. De joelhos não dá que isto não está para gastos supérfluos. Pensei em suicidar-me mas, quando me atirei, a água dava-me pelos joelhos e parecia mal um suicídio em tão pouca água.

 Tenho corrido seca e Meca, mais seca que estas caminhadas dão-me uma sede do caraças e eu não posso parar em todas as tascas que aparecem no caminho senão o que irias tu pensar de mim, tu… sim tu que não me dás tréguas. Requeres tanto que, eu, quando parei naquela vidreira para te comprar uma jarra que me garantisse o teu perdão, verifiquei que estava lá escrito Olhos nos Olhos e eu, que só tenho olhos para ti, ia lá oferecer algo que me cheirava a narcisismo, daí uma lágrima traiçoeira me ter embaciado os óculos.

 Procurei um artesanato para te oferecer amor, mas o que encontrei tinha uma cavaca e sabes que uma cavaca tem um vazio e o meu amor por ti é algo cheio de sentimentos. Sei que já não contas comigo, mas eu conto contigo e, só quando olhar de novo no teu olhar e verificar que afinal ter ido a Meca não valeu a pena, é que desistirei. Até lá terás que levar comigo custe o que custar, pois o que espero de ti é que me digas nesse Domingo, Olhos nos Olhos, que eu já era e, assim, resta-me, como bela recordação, aquele momento em que tu me disseste: «É tão bom… não foi?»

08-01-2006

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