14.1.06

Por Ti Fiz... Abril.






Trova do Vento que passa

Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça



o vento nada me diz.




e o vento cala a desgraça



o vento nada me diz


















Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia




canções no vento que passa.





há sempre alguém que semeia




canções no vento que passa.



















Mesmo na noite mais triste


em tempo de servidão


há sempre alguém que resiste




há sempre alguém que diz não.





há sempre alguém que resiste




há sempre alguém que diz não.




  Sei que esperavas de mim um sim e eu disse… “nim”. Olhei para ti e verifiquei a tua decepção. Contavas comigo e eu, sentindo a tua presença em mim, disse... sim!

 Por ti fiz Abril. Por ti deixei o país, por ti dei a minha voz, por ti gritei... Liberdade!

  Hoje sei, que isso que por ti fiz está esquecido, dás voz a quem nunca deu a voz por ti. Mas compreendo-te. Não é fácil ver o que vemos. Tudo cada vez mais difícil, mais longe dos ideais que fizeram Abril. Eu sei que também tenho a minha cota parte em tudo isso, mas sabes como é, gostar de alguém como eu gosto tem dessas facetas menos agradáveis. Mas afinal não valeu a pena. Afinal quando me deviam ter apoiado viraram-me as costas. Gente que nunca soube o que era estar na prisão por ti. Gente que cai de ski enquanto eu caía nas malhas daqueles que te oprimiam.

  As palavras e os actos morrem na voragem do tempo, mas sei que as minhas trovas ainda hoje são para ti um bálsamo e, quando passo, olhas para mim com a nostalgia de um passado que te fez vibrar, que te fez vir para a rua, que te fez lutar por um país livre, por um país que quiseste bom para ti e para as gerações vindouras. Eu estou aqui. Faço parte de um passado, mas também faço parte de um futuro caso tu o queiras.

  Sei que como poeta que sou, graça em mim uma certa ingenuidade. Uma ingenuidade de criança em corpo de homem, mas sabes como é!... se assim não fosse, não seria eu. Sou o que sou e sei que sendo como sou tu olhas para mim de uma forma diferente da que olhas para os outros. Sei que gostas de mim e sei que não me irei arrepender de ter dito sim, porque tu o quiseste e por ti voltei a ser quem sou, um homem que ama a Liberdade, a Cidadania e teve em ti a inspiração nas Trovas que o meu coração cantou.


  P.S. – Manuel podes não ganhar, podes até não conseguir aquilo que pretendes, mas podes estar certo que nas minhas longas noites de capim, uma voz cantou aquilo que tu um dia escreveste, e eu, ali, no meio daquele “Mar Vegetal” senti em ti... Abril. Para mim serás sempre... o meu PRESIDENTE!

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