17.1.06

Não Há Duas...






  Tento-me convencer que o facto de ter a idade que tenho não me impede, de vez em quando, cumprir com a minha obrigação, a Maria que o diga. Se assim penso, penso que tu também pensas que eu ainda estou para as curvas e, por isso, aqui estou de novo pois como sabes sou como o MP3 – não há duas sem três. Isto agora para nós que ninguém nos ouve, já me custa uma quanto mais três, “merde”. Desculpa estes termos mas sabes que usava muito no tempo do PREC. Era isso e o “mónami” Mitêrrã. Já lá vai o tempo, agora é mais pastéis e croquetes. Sim que isto de dar volta ao país é mais cansativo do que aquelas voltas que dava pelo mundo inteiro no tempo em que dava duas e, o estômago aconchegadito sempre é outra música.

  Se o “filósofo” diz que podes calçar as pantufas a partir dos 65 eu quero mostrar-lhe que ainda é cedo para tal. Olha só para mim, já cá cantam 81 primaveras e ainda não me vejo à lareira. De sobretudo, boina à Che (se visses a colecção de chapéus que tenho até caías, é um chapéu para cada ocasião) e lá vou eu. Tanto bailo na Nazaré como em Alcagoitas de Baixo, o que é preciso é que sintas que eu ainda posso atingir uma terceira vez, sem comprimidos azuis.

  Os que comigo discutem o lugar não têm hipóteses, sabes porquê? Porque conta muito a experiência. Viste aquele debate? Eu malhava nele e ele nada. Eu dizia que ele era um homem do passado, falava do passado dele e ele nada. Cheguei a pensar que estava a falar com uma esfinge do Egipto. O homem não me dava cavaco. Já me torcia todo na cadeira com medo que lhe caísse o nariz e nem nariz nem rosto nem aquele traço na boca dele se lhe alterou, “merde” assim não dá. Mais valia terem-me lá colocado a estátua de cera do Mourinho que ao menos essa aí ainda tem a gravata toda torcida sinal que se mexe, agora aquele ali… nem pestanejou!

  E aquele poeta que pensava que lá por ter lutado por Abril iria ter o apoio dos tais que me apoiaram para que o esfíngico ganhasse. Estás a rir-te? Repara bem, quantos candidatos há do lado esquerdo (faz de conta que ainda sou desse lado)? Quatro. Do outro lado? Um. Povo dividido… povo vencido. Estás a ver a estratégia, e assim vai para lá o tal que nem come pastéis nem croquetes, sisudo, cabelo lacado, mas, mesmo assim, ainda acredito que tu vais fazer os possíveis para que eu pelo menos fique à frente do poeta, senão que “ganda” barraca que isto vai dar e... lá se vai o marocaséfixe.

Sem comentários: